quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Itaú e Bradesco retiram porta giratória em São Paulo

A Folha de S.Paulo publicou nesta quinta-feira (9) uma reportagem de página inteira, com chamada na capa, sobre a retirada de portas giratórias com detectores de metais em agências do Itaú Unibanco e Bradesco.

Para a Contraf-CUT e a Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV), essa medida absurda, iniciada no ano passado por ocasião das reformas nas unidades do Itaú em cidades sem lei municipal que obrigue a colocação desse equipamento, aumenta a insegurança e coloca ainda mais em risco a vida de trabalhadores e clientes.

Na reportagem, a presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira Leite, afirma temer uma volta da onda de roubos a bancos. Para o presidente da CNTV, José Boaventura Santos, "é um retrocesso". "Um atentado contra a vida dos funcionários e dos clientes."

Mais insegurança

Segundo a matéria, "os principais bancos privados do país iniciaram um processo de retirada das portas com detectores de metal das agências espalhadas pelo país".

"Feita de forma gradual e sem alarde, a ação é um refluxo da disseminação destes equipamentos deflagrada nas décadas de 1980 e 1990, quando o Brasil via recordes de roubos a bancos. Naquela época, São Paulo registrava mais de 1.200 roubos por ano. Em 2011, foram 251 casos registrados", destaca a reportagem.

Na avaliação de Ademir Wiederkehr, secretário de imprensa da Contraf-CUT e coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária, esses números comprovam a eficácia das portas giratórias, pois a queda ocorreu justamente após a sua instalação. "A retirada das portas pode aumentar os assaltos, na medida em que as quadrilhas vivem atacando as agências e postos de atendimento mais vulneráveis e inseguros", alerta.

Desculpa insustentável

Consta na reportagem que, "segundo fontes ouvidas pela Folha, apesar da queda nas ocorrências, as portas giratórias estão sendo retiradas devido ao grande número de processos judiciais. São ações de danos morais de clientes constrangidos diante de dificuldades de acesso às agências após o travamento das portas".

O Tribunal de Justiça de São Paulo diz não saber quantas ações desse tipo correm nos fóruns. Pesquisa feita pela Folha aponta que mais de 1.000 já foram julgadas no Estado. Parte os bancos vencem, mas são obrigados a manter batalhões de advogados para defendê-los. Os processos pesquisados renderam de R$ 5.000 a R$ 15.000 em indenizações.

Ainda segundo a reportagem, "são casos em que as pessoas foram impedidas de entrar em bancos por portarem marcapassos, pinos metálicos na perna e até casos de policiais barrados quando foram atender ocorrências".

Para a Contraf- CUT, essa desculpa dos bancos não se sustenta, sobretudo porque os bancos sequer apresentam dados para justificar. "Tais processos judiciais são certamente insignificantes diante de milhares de ações trabalhistas e de milhares de reclamações de clientes contestando as altas taxas de juros e a cobrança indevida de tarifas", ressalta Ademir.

Trabalhadores apoiam portas giratórias

Questionada pela Folha, a Febraban não comentou a retirada das portas giratórias das agências. Também em nota, mencionou que a lei federal 7.102 estabelece que a implantação das portas giratórias é opcional. "Um entre outros dispositivos mecânicos ou eletrônicos de segurança."

Para a Contraf-CUT e a CNTV, as portas giratórias deveriam ser obrigatórias para todas as agências e postos de atendimento bancário, sendo uma das propostas dos trabalhadores para o projeto de lei que cria o estatuto de segurança privada, que está em estudo no Ministério da Justiça, a partir de iniciativa da Polícia Federal.

"Além disso, apoiamos projetos de leis municipais e estaduais que determinam a instalação de portas giratórias e outros equipamentos, como forma de prevenir assaltos e sequestros e proteger a vida de trabalhadores e clientes", conclui Ademir.

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Willian Chaves
Fonte: Contraf-CUT com Folha de S.Paulo